E para começar bem, escolhi falar um pouco aqui do meu mais novo queridinho e esse é de casa, já que é filme nacional. Califórnia dirigido por Marina Person era tudo que eu precisava e não sabia.
Eu adoro filmes com a temática "coming of age" e boa trilha sonora (não é a toa que As Vantagens de Ser Invisível, Ladybird, Stuck in Love e Booksmart figuram na minha lista de favoritos), mas infelizmente ainda é um estilo de filme não muito explorado pelos diretores nacionais.
Qual não foi a minha alegria e surpresa ao ver Califórnia, que já foi lançado há um tempinho (o filme é de 2015) e me deparar com essa equação certeira para eu me apaixonar pelo filme?
Vamos falar um pouco do plot do filme: Estela, ou Teka para os íntimos, é uma garota de 17 anos que mora na SP do começo dos anos 80 e é apaixonada por música, literatura e cultura no geral, se sente um pouco diferente das amigas por conta disso e gosta de passar a tarde assistindo clipes de música e ouvindo discos. Estela também é apaixonada pela Califórnia, lugar onde seu tio Carlos mora e trabalha escrevendo sobre música e enviando tudo que há de mais novo no mundo musical através de cartas, postais, fitas cassete e todas essas coisas incríveis que só os anos 80 podem nos proporcionar.
A garota trocou sua festa de 15 anos por uma viagem para visitar o tio quando completasse 17 anos, mas o que ninguém esperava é que seu tio seria acometido por uma doença e estaria voltando pro Brasil bem na época.
Não posso falar muito mais da história sem contar tudo, mas o filme aborda temáticas super legais e quentes da época, como: o surgimento dos casos de AIDS, homossexualidade, primeiros amores, descobertas e até, brevemente, o cenário político de Diretas Já do Brasil dessa época.
Tudo isso regado a uma trilha sonora que conta com nomes incríveis como David Bowie, The Cure, The Smiths, Joy Division, New Order, Lulu Santos e muitos outros. A escolha musical parece que saiu diretamente de alguém que entende e ama música demais, o que é a mais pura verdade nessa produção, já que a diretora Marina Person carrega no currículo uns bons anos como VJ da antiga MTV que habita saudosamente nossos corações.
Além da trilha sonora incrível, a fotografia do filme está impecável. Tomadas focadas em detalhes que para muitos podem ser irrelevantes, mas que dão o tom um tanto quanto melancólico e nostálgico do filme permeiam a quase uma hora e meia do longa. O enredo segue um ritmo mais lento, que eu particularmente amo, e com diálogos mais longos e profundos que lembram muito o estilo do cinema europeu.
A Califórnia de Estela acaba não se concretizando de fato na localização, já que a garota não chega a ir para lá durante o filme, mas toma forma como um lugar sentimental. A Califórnia protagoniza mais do que como apenas uma localização física e assume um papel de junção de sentimentos que muitos de nós conhecemos, um papel de sonhos, tristezas, alegrias, frustrações e liberdade, um lugar que qualquer adolescente sonhador conheceu profundamente.
A Califórnia de Marina Person é um misto de medo, inseguranças e ao mesmo tempo a sensação de que tudo é possível e que a vida acontece independente de qualquer coisa.
Termino essa resenha os deixando com uma imagem da divulgação do filme, uma das músicas da trilha sonora e a frase chave do filme e que define essa Califórnia que muitos de nós carregamos dentro de si: “Vida é o que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos”.
Que tal se juntarem a mim e viajarem para essa Califórnia?
Disponível na Netflix e no Youtube.
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