Rebobinando: Ponte Aérea de Júlia Rezende

Aparentemente eu consegui encontrar muitos filmes nacionais que tem a pegada que eu gosto. Adoro filmes que tem uma cadência mais parecida com o estilo europeu, aqueles filmes um pouco mais lentos, com tomadas bonitas e longas em detalhes, boa trilha sonora e finais abertos.
E é tudo isso que Ponte Aérea tem, para fechar a tríade de filmes nacionais que ganharam meu coração e resenhei aqui no blog tudo de uma vez.
Ponte Aérea é dirigido por Júlia Rezende, confesso que não a conhecia, mas dando uma pesquisada esse é o primeiro filme nesse estilo que ela dirige, e conta com um elenco incrível, já me ganhando no fato de termos Caio Blat no papel do protagonista (para quem não viu, Caio estrela Califórnia também no papel do super cool hype Tio Carlos).
Outra coisa que me ganhou já nos primeiros 20 minutos do filme foi, nada mais nada menos, do que Thiago Pethit tocando na trilha sonora. Então vocês já devem imaginar que essa resenha veio só pra escorrer elogios.
Chega de rasgar seda e vamos falar um pouco da proposta. Em Ponte Aérea, Júlia Rezende usa de base o livro "Amores Líquidos" de Bauman, que trata das relações nos tempos da tecnologia. Para quem não teve a oportunidade ou o interesse de ao menos ler sobre essa obra, fica aqui um adendo, para os tempos que vivemos, "Amores Líquidos" é essencial.
Voltando o foco, o filme trata sobre Amanda e Bruno, dois jovens adultos completamente diferentes, que se conhecem em Belo Horizonte quando há um problema no voo deles do Rio para São Paulo. Amanda é a típica paulistana estereotipada: sempre alerta, grudada no celular, viciada em redes sociais, workaholic, ambiciosa, etc. Ela é uma publicitária super bem sucedida antes dos 30 anos. Na contramão vemos outro estereótipo escolhido para brincar que é Bruno, o carioca "easy way", todo free spirit, calmo, inconsequente, dificuldade de amadurecer, etc. O filme tem uma questão super legal que é a de usar os estereótipos no seu cerne, mas sem deixar cair no caricato bobo, e sim brincar com elegância, humor e bom gosto com as antíteses da terra da bolacha e do biscoito.
Por algum motivo desconhecido do universo, os dois acabam se apaixonando e assim começa um relacionamento de idas e vindas entre Rio e SP, onde as redes sociais os afastam e os aproximam ao mesmo tempo. O enredo em si é um tanto quanto "manjado" para quem é fã desse gênero cinematográfico que chamo de "romance alternativo cult", mas ainda assim não se torna entediante ou menos envolvente por isso.
O fator de ver um cenário muito bem conhecido atrás, que é, no meu caso, a São Paulo dos metrôs, dos prédios espelhados e dos lugares hypes, ajuda muito o filme cativar o telespectador. Afinal, por mais que existam muitos filmes desse jeito pelo mundo, não existem muitos desse tipo no âmbito nacional.
O filme ganha pontos comigo por ter um estilo de começo, meio e fim aberto, o que aviso aqui porque sei que tem gente que ama e gente que odeia. Sou do time que ama, pois abre interpretações pessoais na obra que só fazem o telespectador criar um laço emocional mais forte, pois ele vai colocar naquelas lacunas resoluções que estejam ligadas com o que está sentindo e vivendo no momento.
Comecei Ponte Aérea muito receosa, mas o filme me arrebatou logo no começo e não decepcionou em nenhum quesito.
Disponível na Netflix e no Youtube completo.

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